Insônia

Na madrugada tateio papéis e caneta

Vasculho um rastro livre na memória

Somente um silêncio profundo.

Um trânsito a lentos passos.

Nessa linha da imagem que construo

Passo a martelar as letras

Busco construir palavras, frases, parágrafos...

Uma forma de romper o silêncio da insônia.

Do peso de cada martelada

Resulta em infinitos papéis amassados

...

Na gaveta, os guardados da memória, desistem de ficar no acaso

Começo de amores, de dores, pudores, rancores...

Mas apenas rumores do presente, suficientes,

Trazem um gosto doce e amargo:

saudade de sentir tua boca.

É longa a caminhada de um querer que não quer ser

Ser apenas uma saudade.

É o presente dilatando o passado, o futuro são apenas papéis amassados.

Retraindo

Renegando um querer de bloquear as imagens do agora,

Restos do passado.

É a vontade de sentir tua boca.

Mas o travo do desejo insistente que sempre rompe,

Tropeçando em minhas memórias, essa insônia, cansa.

Amanheceu e junto a saudade de sentir tua boca

...

Neucivaldo Moreira
Enviado por Neucivaldo Moreira em 19/01/2006
Código do texto: T101067