OUÇO UM CANTO TRISTE

Ouço um canto triste

como o canto das grous

ao levantar vôo no fim do verão

Como o canto latente n'alma da nativa

Na ilha da esperança

Que ao deixar a confecção

De um novo colar de conchas

Corre pressurora, arfante

em direção as vagas onças

em busca das naus que retornariam

trazendo com o crepúsculo vespertino

amores ou dissabores

Ouço um canto triste

Como o vento que sopra

um choro compungido de saudade

nas frestas

das mata-juntas carcomidas

Como o canto triste

da joaninha

quando as asas da borrasca

furtaram-lhe sua auto-estima

levando sua vida-sombrinha

Ouço um canto triste

Que reboa nas mansardas d’alma

Canto de quem ama e ama

Mas que só recebe,

chuva de granizo

em seu vaso, em chamas.

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Davi Cartes Alves
Enviado por Davi Cartes Alves em 30/05/2008
Reeditado em 03/06/2008
Código do texto: T1011624
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