ALDEIA DA ALMA (5)

SALMO

Vai-se caminhando agora,

pronto o assassínio

mas refeita a alma,

rarefeita a alma.

Um caminho de léguas

e léguas de paciência.

A grandiosidade eterna da Criação.

Vai-se caminhando, agora,

sob a certeza do coração.

Palmo a palmo,

um salmo,

um salvo.

Vai-se entre mil tiros,

sob a condenação,

seguro de si.

Agora, sim, liberto,

por certo, o mundo

não engoliu sua vítima.

Palmo a palmo,

um plano devido e divino,

altiplano.

Aeroplano sobrevoando e

flutuando, enfim, flutuar

qual espírito redimido.

LUAR TÃO DOCE

Luar tão álgido,

lugar comum

frisa a maravilha

de jeito nenhum.

Agora, que tudo

se aproxima do

fim,

vejo uma aldeia,

aproximando-se

de mim.

Agora se consagra

essa festa.

Um dia se aproxima

a escalada,

a escalada tão brava

que corre como tesouro.

Uma luz

ainda vale ouro.

A lua cantiga

no caderno de taça.

A taça é de raça

e espiritual.

A verdade é nobre,

sr. F.,

e o mundo sempre foi podre.

Agora que tudo isso aí

está,

existe um tesouro no céu...

Não digo mais adeus,

aproxima-se a hora...

FERNANDO MEDEIROS

verão de 2006