Mulata
Esse lampejo que faz brilhar a noite,
Qual um raio rasgando a madrugada,
Clareando a bruma que vaga mar a dentro,
É o reflexo de teus olhos, minha amada.
Ou como a lua com sua luz prateada,
Inspirando os poetas em serenata,
Que imitam os harpejos de tua voz,
Invejada até pelo Uirapuru da mata.
E teu cheiro delicado de mulata,
Como uma flor no jardim, indiscreta,
No limiar de plena primavera,
Vem perfumar a ode do poeta.
Do amante serás sempre a predileta,
Do poeta o verso melhor acabado,
A espada nua do Infante,
A estrela guia do navegante,
Que navega em teu corpo aveludado.