Meu vício

Entre as faces alheias

E as noites escuras...

Exilado em meu quarto,

Guardando em meu solitário peito a dor do meu grito,

Entre os verbos de minha boca.

Feito louco,

Procuro me disfarçar como num rito.

Procuro um amor longe do leito desse Egito.

Não quero mais te encontrar,

Não quero mais te amar.

Mas teus olhos...

Imenso deserto,

Escombros febris de um desejo tão perto,

Me chamam, me entranham

Que não sei como negar.

É uma força sobre humana, que me calam as fugas,

Me roubam o sangue das lutas,

Me deixando sem chances

De voltar atrás...

De encontrar uma saída

De fugir em paz.

Por que te amo?!...

Por que te quero?!...

Na verdade ,nem sei o que desse veneno espero,

Pois quando em ti...

Quando te sinto em mim...

Esqueço tudo e só quero,

Só quero alimentar a minha alma,

Só quero fomentar esse apego

Que me consome, que me desgasta.

Por isso me desespero,

Por isso, de tudo o que me resta,

Essa dor perversa,

Nessa morte certa,

Que não quer a minha liberdade devolver em vida.

Vou viver sob a guarida dessa noite longa

Até quando já não mais servir,

Até quando o novo dia vir.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 04/06/2008
Reeditado em 05/06/2008
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