Encadeamento

(William E. Silva & Luciane Goldstein)

Quero um verso seco

um colérico inventado

vomitado em bile raivosa

qualquer um

desde que me faça gritar

para sair do apartamento

uso um machado

a lenhar a porta

cada acha eu acho

é um pedaço do que me sufoca

autópsia da minha alma

arterial e venosa

Rasgo o teu mais íntimo

inspiro o quarto que pulsa

na tua ausência

e cuspo a chama lá fora

Meu corpo tem tua letra

marca de gado em alto relevo

carne viva

Essa noite eu quero um verso teu

seco, colérico

qualquer um

desde que me tire daqui

Necessito do meu vício

para serenar a minha íris