À mulher amada

 

Minha santa, minha amada

Sempre a minha espera

Noites insones, só na janela

A espreitar a rua vazia

Tinhas o olho na esquina

Só davas prumo ao coração

Ao me ver surgir cambaleante

Encharcado de chuva e álcool

Descia escadas, abria portões

Oferecia-me o ombro muleta

Ajoelhava-se aos meus pés

Esforçava-se para me tirar os sapatos

Ajoelhava-se aos pés do santo

Implorava para me tirar os pecados

Sapatos sim, pecados não

Por desprezar a mulher amada

Fui condenado à escuridão

Elenildo Pereira
Enviado por Elenildo Pereira em 08/06/2008
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