um dia a seguir ao outro
haverá
um dia em que o sonho
e o real, a palavra e o gesto
farão diálogos de entreolhares
em amanhãs e anoiteceres
haverá
silêncio incontrolável
distantes receios
despidos corpos
e somente amores
haverá
palavra murmurada
à beira de confessos lábios
num mar-de-a-mar entre águas
e formas côncavas seduzindo convexas
haverá
fulgor rompendo olhar
violinos sonorizando n’alma
o esboço-desejo em espiral
descontrolando a calma
haverá
insanos atos/ sabores formas/ odores peles
entretanto
a sinfonia vai-se
num epílogo de emoção
e
tudo
tudo
permanecerá
gravado
atrás
d’olhar
[palavras e gestos: dispersam e as imagens: ‘lembrançam’]
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