Cachorro engarrafado

SEUS LÁBIOS me queimam

O gelo conforta-me

Amigo, adoro você...

Uma noite

Senti você em minha boca

Degustei seu aroma de fumaça

Retirei, enfim, minha mordaça,

Que calava meu coração

Sem latir confessei um segredo

Melhor amigo não há

Amo você amigo

Não vivo sem você

Eu amo você...

Como se fosse uma mulher desejada

Na carícia numa malícia de amor

Venero-te, tenho volúpia por ti...

Seu sabor me enlouquece

Por você corto meus punhos

Por você apanhei na cara

Por você fui parar no hospital

Mas mesmo assim...

Amo você

Seu devasso

Seu boêmio

Seu mulherengo

Você é o melhor amigo do homem

Como dizia Vinicius de Moraes

Cachorro engarrafado

Uísque...

Quero levá-lo para passear

Sem coleiras, nem fucinheiras

Amigo fiel

Não é amigo de aluguel

Que sempre se compra

Em bares herméticos

Nem é um "paraguaio"

Ou, pirata da perna de pau...

Nem batizado

Meu uísque é ateu

Sem religião

É um simples animal

Que é o melhor amigo do poeta

Que dança como um anacoreta...

Na penitência

De pagar sua solidão

Meu casmurro

Eu...

Ton Machado Guimarães
Enviado por Ton Machado Guimarães em 11/06/2008
Reeditado em 12/06/2008
Código do texto: T1029215
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