MANHÃ INESQUECÍVEL
MANHÃ INESQUECÍVEL
Acordei e vi o céu todo dourado,
um amanhecer tão belo nunca tinha visto,
escondi minha amargura e fiquei maravilhado,
uma estranha esperança brotou em minhas mãos.
Minha vida como sempre permanecia triste,
mas naquela manhã senti algo diferente,
aquele raiar de dia tinha um esplendor
que reina apenas num astro reluzente.
Era como a voz de Deus que me acordava
para eu conhecer um céu todo alaranjado
pelos primeiros raios do sol sublime
que se erguia levemente abençoado.
Que estranha emoção me invadiu
às cinco horas da manhã daquele domingo.
A emoção de um dia ver meu coração febril
se descortinar tão belamente pelas paragens
destes meus universos tão macerados.
Quando olhei aquele domingo renascendo,
aquele céu todo alaranjado na abóbada,
só pude sentir uma estranha esperança
e esquecer que era imperfeito e decaído,
que eu era louco e estava abandonado.
Por um pouco pude me esquecer
que eu perseguia as pessoas
e elas cruelmente também me perseguiam,
me feriam, me martirizavam.
Esqueci de tudo...
Olhei tão-somente aquela manhã,
e como não me lembrasse mais do passado,
me esperancei.
Pensei que ainda poderia vir uma vida de paz e alegria.
Como um ingênuo... me esperancei. Esqueci do sarcasmo,
do cinismo,
sentimentos que mostram a decadência de um homem.
Esqueci dos aborrecimentos e abri meu velho rosto enraivecido
para aquela doce manhã dourada de domingo,
que trazia para mim um prêmio: era a estranha esperança
de nascer meus ideais, meus sentimentos;
o estranho ímpeto de sonhar forte
pelo bem de uma vida há muitos anos apagada.
FERNANDO MEDEIROS
Campinas, é outono de 2007.