Conflitos Interiores
Nuvens tenebrosas, densas
Negras nuvens sobre mim pairando;
Incertezas, acasos, esquecimentos...
Peito que dói, dor em forma de tormento.
Humanidade vinda com toda sua radicalidade
Cai por terra o anjo,
Permanece prostrado o homem.
Guerras interiores, conflitos bandidos
Meu eu contra meu eu
O eu humano, frágil, caído;
O eu racional, forte, confiante.
Combate, combate, combate...
De quem a vitória? Não sei.
Ora, por completo caco, saio eu.
Passam-se os anos;
Passa-se a vida.
Sonhos talvez mal sonhados;
Nunca realizados.
Vitórias utópicas aparentemente conseguidas.
Olho dentro de mim, e o que vejo?
Farrapos de um guerreiro em uma luta desleal.
Espinhos penetram-me a carne,
Desejos reprimidos de uma humanidade falha.
Santo contra pecador; céu contra inferno.
Vida que não se completa, que no esquecimento cai,
Injustiças vistas sem poderem ser combatidas.
Onde está a glória deste mundo?
Justiça? Para poucos existem.
Dói o peito, como espada a penetrar.
Ter que me calar, passar por covarde,
Ou encarar o sistema e sofrer as conseqüências?
Como sobreviver onde o homem teme o próprio homem?
E o temor a Ti, Senhor, onde fica?
Calem-me a vida, mas não me cale a voz.
Tantas interrogações, tantas incertezas.
Consumo-me em indagações, e o que mais a fazer?
Lutas interiores, guerras exteriores,
Assim passam-se os dias;
Assim vou vivendo;
Eu e meus conflitos
Minhas diversas indagações.
E como Sócrates eu percebo:
“Só sei que nada sei.”