Antítese
Eu quero ver a sua alma dilacerada,
Como um cão sarnento e moribundo,
Quero te ver sem rumo, sem estrada,
Quero ver a sua carne sangrando,
Sendo comida, destruída,
Pelo sol escaldante, pelo frio intenso,
Pela fome que chega e que fica,
Eu quero ver você num forte e violento clamor,
Sentindo intesamente, interiormente,
A pontiaguda, violenta e particular dor,
Eu quero que você seja amaldiçoado,
Quero te ver dominado,
Uma marionete nas mãos do mundo,
Na sargeta, na solidão,
Num pranto alucinado e profundo,
Eu quero que você entenda,
Os meus torpes e fúteis desejos,
E nesse meu doce e profano clamor,
Que o meu ódio,
Se aproxima e se funde em amor.