Chaga dos vencidos.
Sob tuas dores o sangue ainda fresco escorre de tuas vísceras,
A noite ainda dorme sobre o teu gemido.
Enquanto tento me consolar, vermes me cobrem na sombra
Alimentando essa mágoa que se estende pela rua.
Mas Deus, sendo justo, dormirá em meu esquecimento.
Ainda sim morrerão, e os morcegos irão cortejando as dores do animo.
Antes fosse real a carnificina.
Mas em vida é sempre tarde demais.
Em blocos humanos, uns sobre os outros,
Cegarão a esperança.
Refugiados em seus abraços fúnebres,
Dormirão todos, vencidos,
Hão de se esfacelar num mar de treva,
Enquanto da sombra hei de ver o vento levá-los em pó da terra,
Caminharei só sob os campos,
Talvez eu descubra alguma beleza mundana,
Ou aprenda a amar com alguma simplicidade,
Mas logo terei de deitar e espreitar minha chaga,
Até que venha o vento me levar.