TENHO MEDO DO ESCURO

Só não! Tenho medo do escuro

Daquela sombra, vês?

Que me rodeia

Norteia.

Escondo-me no tronco de minha voz

Oca, opalescente tez

Morte à lucidez estática!

Viva! as discrepâncias loucas

Eu tenho medo do escuro

Daquilo embaixo da cama

Do pássaro que não canta

Da solidão fria... do futuro.

Ave Maria cheia de graça...

Aperto uma mão na outra, num muído

De ossos, fico longe da desgraça

Repuxo meu vestido puído

Tenho medo de tudo! lá vem a luz

A primeira réstia de lucidez.

Amanheceu o medo contraluz

Com o escuro vai embora a morbidez.