um quadro de alguém

“Así en horas profundas sobre los campos he visto doblarse las espigas en la boca del viento.” - Pablo Neruda, "Ah Vastedad de Pinos..."

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termina junho, diante deste olhar de águas e a poesia está nos absurdos florindo palavras sem promessas e sem aromas. para além dos sonoros e rigores dos ventos, entre os estalidos de cristais, afloram noutros jardins corredores de pétalas, de raros perfumes e belas expressões - memórias de infâncias - a saudade é contínua e à pálpebra das folhas, de cores pálidas, há hastes de desconexas falas em odores de amêndoas. ao fim da tarde, sob a amendoeira, há um corpo de segredos desejando reflorir e amanhecer. ao longo das páginas o rascunho de penúrias e os sonhos, inocentes, de antes, hoje orvalham, à ponta dum lápis, o sentimento do coração – a vida não se escreve sozinha – há silêncio de pétalas e olhos, solitários, selados de ternura. por agora fecho o livro em razão da lassidão destas palavras. adiante, junho, como se voasse com saudade e ao longe. - márcia eduarda – 29 de junho de 2008.

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marcia eduarda
Enviado por marcia eduarda em 29/06/2008
Reeditado em 01/07/2008
Código do texto: T1057634
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