E.C.G.

Meus solavancos e espasmos por sobre o mundo curvas são

Da dança torta que escapa e posterga a morte e a retidão

Em frente às lanças agudas dos santos e os anjos de bordel,

Em passo filho de valsa e coito eu me entrego ao Céu.

A minha alma nos seus monitores sorri para ninguém

Vai desfilando caninos, perfura o finito e quer além

Só na mais funda camada, meu ébrio ensaiar seu cair

Vai injetando sua embriaguez no compasso que há de vir.

Sinto-me um só em sólida divisão

Na previsão que meu pulso quer me negar

E a julgar pelas idas e vindas das mais bem-vindas contradições,

É de impressões seu legado a deixar.

Não me falta fé, tampouco equilíbrio - são escolhas que fiz:

Flertar com o auge partindo do nada e no meio ser feliz;

Entrelaçar minhas metas, conjugar distância e nitidez,

Sobressair-me às quedas com a mais sinuosa sensatez.

Não tenho medo de ser bem maior, bem maior que os medos são

Pois essa estrada tão minha já não acredita em colisão,

Somente aquela entre a acre ferida e o momento do crescer.

Abraçarei linhas tortas na hora do meu fim escrever.

No impossível a brotar eu firmo meus pés,

Braços que nadam até ilha criar,

Talhada entre as espumas o beijo, o sal, os cortes, nas águas um só,

Encontro em vida a carne e o pó.

Eu desconheço fuga,

Eu desconheço guerra,

Eu desconheço vida que dure em linha reta.

(02/08/2007, 2h30 da manhã - 20/04/2008, 16h)

Rodrigo Fróes
Enviado por Rodrigo Fróes em 06/07/2008
Reeditado em 06/07/2008
Código do texto: T1067046