A menina e o passarinho

Canta, passarinho! Canta!

Rogava a menina, em pranto.

E o passarinho, no ninho,

não soltava mais seu canto.

Pula passarinho! Pula!

Soluçando ela pedia.

E o passarinho, inerte,

na gaiola, só dormia..

“Ave Maria, cheia de graças”

olhava o céu, implorando,

com uma lágrima brilhante

No seu rostinho rolando

Ah se houvesse um milagre

para eu ver você voar.

Eu seria tão feliz!

Dizia a menina, a chorar.

Canta, passarinho! Canta!

Agoniada, ela pedia.

E o passarinho, quietinho,

pra eternidade dormia..

Com os olhos marejados,

o enterrou no seu quintal.

E uma flor, bem perfumada,

lá deixou como sinal.

A menina, entristecida,

não comia, não dormia.

Seu amigo inseparável,

Carregou sua alegria.

E nos seus sonhos, de inocentes,

tão formosa, quanto uma santa.

Ela falava desacordada:

Canta, passarinho! Canta!

São Paulo. - manhã de 03/07/2008

José Pedreira da Cruz
Enviado por José Pedreira da Cruz em 06/07/2008
Reeditado em 23/08/2008
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