Copo sujo
Minha espiritualidade
Sinto que às vezes foge de mim
E passo então a buscá-la, no fundo,
Sabendo que está dentro de mim
São momentos em que eu
Não estou em mim
Momentos de pânico ou terror
Momentos em que meu ego se põe contra mim
Conheço o remédio
Penso que sei cuidar de mim
O sabor é amargo e corrói as entranhas
Me faz sofrer, chorar... e para eu mesmo mentir
Não adianta, minha alma é poeta
Precisa mesmo fugir
Quer viver as delícias que a vida
Teima em suprimir
Frustrar minha alma poeta
É como negar a vida para mim
Sou fiel e eterno apaixonado
Por cada faceta a que o sonho me conduzir
O leme? Vai solto...
Permito que a vida e o leme estejam livres
O que parece, existe aqui fora, é nada
Comparado ao que passa dentro de mim
Minha relação com o tempo?
É atemporal, o que posso dizer?
Deixo que o tempo formule as perguntas
E muito mais tempo para as respostas que hão de vir
Te peço, não me sufoque
Não me proteja, me deixe existir
O amor é tão grande que transpõe uma vida
E só se pode entendê-lo deixando-o fluir
Sou Fênix, ave que não morre
Mas que morre, ressuscita e vive
Quero viver e morrer muitas vidas
A todas as vidas que o sonho produzir
Nesse mundo deus sou eu
Que guia, se emociona e decide
E consagra em versos de amor
A vida e os sonhos de um poeta livre
Quero para sempre escrever, se a inspiração assim me permite
Utilizar minha mente nesse sentido
Senão a vida é um eterno morrer
E viver é o que eu quero, seja o sonho feio ou bonito
Não me importa o que penses
O meu jogo é assim
Veja um copo sujo sob a água da torneira
Água pura e cristalina expulsa a sujeira...
... deixando o copo limpo
Tudo depende do volume
Do calor e da força da água
E do montante de resíduos
Às vezes sou deserto, imenso vazio
Poucos entendem e deixam fluir
Outras vezes sou música, doce melodia
Mas deserto, só eu posso ouvir