Espelho quebrado
O espelho, posto em moldura,
Da minha vida foi quebrado,
Um Caco triste de amargura
Que já não pode ser remontado.
Fitei-o outra vez ali despedaçado
E olhava-me o vítreo de pele dura,
Refletindo histórias do meu passado
Acusando-me rígido e sem compostura.
Pude ouvir o debochado gargalhar
Saltando em reflexos cínicos pelo ar,
Dando piruetas a minha frente o plasma,
E agora – Senhor, que já não estou inteiro
Não vou resistir ao olhar zombeteiro
Nem a sombra do meu próprio fantasma.