dêem-me exéquias

não me basta essa cova rasa,

estreita e tão habilmente aberta...

esse aperto sisudo de espera

não me assiste nesse trago;

porque o que te parece ousadia

é anarquia dentro de casa

é porta afora descaso,

fracasso ambulante

trajado de filosofia barata.

não busco elos,

não quero versos paralelos;

quero a laje tumular,

fria, tal qual o tolo pediria

numa insana prece...

não me basta o eco romântico,

há uma dimensão incontida

no meu canto tântrico,

sinto varado como fome

o vazio que me consome.

na carne a febre que me gasta

sutil como o laço que se desata,

escorre tão lenta quanto me afasta

cobre minha boca gelada

entreaberta na palidez do calafrio,

estatelada no chão e no teto.

dane-se parecer com o velho perfil

dos novos desregrados,

pobres ululantes deserdados;

baixa a terra sem afeto

esquecido, caro Prometeu

tal qual aqui viveu...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 02/02/2006
Código do texto: T107254
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