Isabella

Anjo que desce do sonho

Desse servil homem,

Vestida de luz e sem nome,

Para um breve passar.

Deixa em seu sutil rastro...

Um ar harmonioso de pecado...

Dócil veneno,

Que faz tantas almas penadas escravas,

Insandecidas de um cio vulgar.

Ah...Como eu queria antes de morrer te amar!

Segues rasteira, com a face disfarçada

Em mil cores,

Embora saibas que os teus beijos são dores,

Do meu canto, cativo não nego o vício de te desejar.

Vejo lá em baixo, pobres lobos

A olhar com cara de fome,

O que jamais poderão sequer segurar.

Na rota da tarde, entre os seus longos cabelos negros encaracolados,

Álva e fria luz, como a flor rosa menina, sais do nada para tomar lugar na Hora em que a vida vaga sem esperanças de vingar.

Mesmo sem conhecer dizem-me eles...

Não és mais que uma fissura,

Uma voz crua, sob um corpo vazio,

Perfeita soberba, pois que sabe

Na terra, és vênus toda nua.

Mesmo sem conhecer, pra mim és a brisa suave da vida...

Mulher que encanta e de tão doce a tua boca,

Que chega a ser amarga a tua censura.

Me chama para perecer

Nesse mar doce, salgado, dos teus braços cálidos.

Pois que, eu quero morrer nessa vida subtraido da ferida de um amor puro, doado por uma deusa,cujas unhas cravem e desenhem na carne Do meu coração o seu nome.Enquanto eu, sob o efeito da loucura me lumbuse bebendo em teus seios a água, elixir eterno do teu prazer.

Não me pergunte por quê?

Apenas quero saber, antes do mundo,

Antes do mais profundo querer, se és realmente, antes da flor...

Anjo ou demônio do amor.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 11/07/2008
Reeditado em 12/08/2008
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