Respiração dos Sonhos

Tenho a debilidade própria de quem está no sonho.

1)

De quem está no sonho: um curso sanguíneo, onde árvores

infinitas - ou estátuas que respiram, ou colunas expostas à

eternidade - elevam-se nas estradas por entre os espasmos

roxos da neblina. E figuras elásticas e figuras aladas sobre

um rastro extenso de oceanos inumeráveis (o azul da água

profundo, grave).

2)

Mais: serres baços vagueiam pelos círculos do crepúsculo.

Um dorso inclinado sobre o mármore real. Ou as mãos no

lugar onde a morte desagua. Depois, intimar os corpos que

ardem por dentro numa latitude soletrada de astros, papéis

flutuando pelo abismo emocionável da noite. Depois. As

linhas sombreadas como signos para escrever nas fontes

(apontamentos). Enquanto os olhos permanecem nas oníricas

árvores infinitas.

3)

Ainda: a debilidade do teu corpo experimento na respiração

dos sonhos, quando em círculos as árvores sanguíneas

povoam a noite. Ideias.

4)

Deixo escrito no litoral extenso das folhas, dos inumeráveis

signos de apontamentos, um indício (como corpos, figuras,

ou a morte, as ideias) de que a noite real (ou tu, as tuas mãos)

reitera o sonho - frágil, desmedido.