Acordo para mim como num sonho e sou eu

Desço do meu pedestal. Que me importa a mim,

hoje não concederei honras ao poeta.

Não ao poeta que sofre atenção permanente e

se constitui presença a todo o instante,

vestindo-se vagarosamente de jardins e de

redomas supostas, vidro inalcançável. Serei

apenas este, que se quer distante de filigranas e de

toda a espécie de honrarias, deus com

pés de barro.

(Acordo para mim como num sonho e sou eu,

totalmente pálido mas concentrado de quem sou.

Não me intimido e ergo firmes os meus olhos, lançando-os

longe, ao horizonte. Perco-os na distância,

para encontra-los mais à frente. E és tu, quem

me espera, vestindo carmim, sorriso nos lábios).

Jorge Humberto

08/04/05

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 11/04/2005
Código do texto: T10821