Malhando em ferro frio
Acaso reclama a espada
Do molde a martelo e bigorna,
Das vezes que ao calor retorna
Enquanto vai sendo moldada?
Mostrar-se-á revoltada
Com a lima que lhe deu o fio,
Ou o choque em líquido frio
Pra têmpera a fogo forjada?
Será que guarda rancor
Do ácido que a lâmina enfeita,
Ou do processo pelo qual é feita
Dando a simples metal mais valor?
E brandida em plena batalha,
Tendo marcas como testemunhas,
Retalia a mão que a empunha
Ao lembrar o calor da fornalha?
Não! Só seria justificada
Reação negativa ao ferreiro
Se ao final do processo inteiro
Não saísse uma boa espada.