Malhando em ferro frio

Acaso reclama a espada

Do molde a martelo e bigorna,

Das vezes que ao calor retorna

Enquanto vai sendo moldada?

Mostrar-se-á revoltada

Com a lima que lhe deu o fio,

Ou o choque em líquido frio

Pra têmpera a fogo forjada?

Será que guarda rancor

Do ácido que a lâmina enfeita,

Ou do processo pelo qual é feita

Dando a simples metal mais valor?

E brandida em plena batalha,

Tendo marcas como testemunhas,

Retalia a mão que a empunha

Ao lembrar o calor da fornalha?

Não! Só seria justificada

Reação negativa ao ferreiro

Se ao final do processo inteiro

Não saísse uma boa espada.

Sérgio Serra
Enviado por Sérgio Serra em 18/07/2008
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