Flanco
Foi-se dado início aos dias
Em que as noites, tão presentes
Com seus dentes inconstantes
Mordem e ferem nossa alma
Provocando hemorragias.
De seus braços nascem laços
Que amarram, que gracejam, que atam e que ateiam
Em nossa mente uma presença onipresente
Tão absurda e levemente
Que o pensar já não mais pensa:
Apenas sente.
(...)
A chuva corre, de cima para baixo,
Do escuro para um lado
Que ao seu ver, idoso e sábio
Lhe parece conceber a ponta de um sorriso
A procura de lábios e de abrigo
Ainda que perdido e esgotado
Gotejando seco e empedrado
Em um rosto torto e rijo de um ser embriagado
De carência e em tristeza embebido,
De sofrimento e pelo ódio maculado,
Mas que, ainda sim, com esperança preenchido
Aguarda o dia de um amor tangenciá-lo.