Flanco

Foi-se dado início aos dias

Em que as noites, tão presentes

Com seus dentes inconstantes

Mordem e ferem nossa alma

Provocando hemorragias.

De seus braços nascem laços

Que amarram, que gracejam, que atam e que ateiam

Em nossa mente uma presença onipresente

Tão absurda e levemente

Que o pensar já não mais pensa:

Apenas sente.

(...)

A chuva corre, de cima para baixo,

Do escuro para um lado

Que ao seu ver, idoso e sábio

Lhe parece conceber a ponta de um sorriso

A procura de lábios e de abrigo

Ainda que perdido e esgotado

Gotejando seco e empedrado

Em um rosto torto e rijo de um ser embriagado

De carência e em tristeza embebido,

De sofrimento e pelo ódio maculado,

Mas que, ainda sim, com esperança preenchido

Aguarda o dia de um amor tangenciá-lo.

Gravor di Saint Danielt
Enviado por Gravor di Saint Danielt em 09/02/2006
Reeditado em 16/05/2006
Código do texto: T109655