Jardim das Pipas

Corre menino!...

Corre, corre sob a pressa.

Corre ladeira abaixo,

Corre ladeira acima.

Corre sobre os telhados da capital,

Corre e sobe;

Corre e desce, corre nas ruas movimentadas

Corre nas suas só suas...Corre

Corre sem camisa,

Com os pés descalços,

Segurando a varra de madeira,

Sob um sol de segunda a sexta-feira.

Segue sem rumo pela cidade

Rumo a bandeira...

Olhando para o imenso azul sem estrelas,

Inventa uma linguagem urbana...

Ao vai!

Teiba macaxeira!

Cortei, aparei ou arei!...

Olha lá o laço!

Seja lá da rua,

Seja lá da lage,

Seja lá do campo...

Seja de onde for, passe o cerol na mão...

Pico do aço, vidro comum ou vidro de florescente.

Não importa, quem olha, vê em frente a poesia

Traçada, que vai no silêncio ascendente da seda,

Tala, goma, linha e um talento inteligente.

Olha lá a rabiola,

Olha lá a rabiola no céu sozinha china.

As vezes, pega redemoinho e cai no mar;

As vezes, pega redemoinho e sobe sem parar.

Quando se empina é alegria na certa.

Brincadeira de meninos e meninas.

Vai rabiola, pipa da angola, papagaio de papel

Ela segue o azul do céu, entre as nuvens

Rola o carretel.

Sob um vento terral,

Sob um vento normal,

Sob a brisa do rio Amazonas.

São tantas línguas;

São tantas horas que dá saudade só de lembrar

Daquelas tardes ou manhãs, que atavamos no ar

As nossas bandeirolas.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 25/07/2008
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