Jardim das Pipas
Corre menino!...
Corre, corre sob a pressa.
Corre ladeira abaixo,
Corre ladeira acima.
Corre sobre os telhados da capital,
Corre e sobe;
Corre e desce, corre nas ruas movimentadas
Corre nas suas só suas...Corre
Corre sem camisa,
Com os pés descalços,
Segurando a varra de madeira,
Sob um sol de segunda a sexta-feira.
Segue sem rumo pela cidade
Rumo a bandeira...
Olhando para o imenso azul sem estrelas,
Inventa uma linguagem urbana...
Ao vai!
Teiba macaxeira!
Cortei, aparei ou arei!...
Olha lá o laço!
Seja lá da rua,
Seja lá da lage,
Seja lá do campo...
Seja de onde for, passe o cerol na mão...
Pico do aço, vidro comum ou vidro de florescente.
Não importa, quem olha, vê em frente a poesia
Traçada, que vai no silêncio ascendente da seda,
Tala, goma, linha e um talento inteligente.
Olha lá a rabiola,
Olha lá a rabiola no céu sozinha china.
As vezes, pega redemoinho e cai no mar;
As vezes, pega redemoinho e sobe sem parar.
Quando se empina é alegria na certa.
Brincadeira de meninos e meninas.
Vai rabiola, pipa da angola, papagaio de papel
Ela segue o azul do céu, entre as nuvens
Rola o carretel.
Sob um vento terral,
Sob um vento normal,
Sob a brisa do rio Amazonas.
São tantas línguas;
São tantas horas que dá saudade só de lembrar
Daquelas tardes ou manhãs, que atavamos no ar
As nossas bandeirolas.