Rosa Menina

Obedientmente, como tu mesma...

Como irmã, como mãe,

Como ensinamento, tu, mais uma vez atendeste fiel à voz que te chamou.

Não era sem tempo,

Porque esse tempo só sabemos mesmo,

Quando os olhos se fecham,

Quando o coração da casa se cala e a alma em amém acredita.

Não há quem resista, não há quem se negue.

A porta se abriu, a flor partiu...

A estrela no céu surgiu, enquanto o

Destino se cumpriu...

Afinal o teu propósito são as raízes escritas pela força do teu sangue,

Que sustentam esse Acassieiro,

Como esse imenso rio Amazônico hospedeiro.

Filhos preservai o pai,

Filhos preservai a mãe;

Netos preservai o avô e a avó;

Preservai a história.

Preservai a cultura...

Eis que o corpo segue de volta ao pó.

Menino não há que se abster da saudade!

Menina não há que se abster das lágrimas!...

Saudades não têm cidades,

Lágrimas não têm idades;

E a vida, é a vida, enquanto dura a passagem.

Afinal a morte, é ou não é, uma viagem?...

Vejam as flores.

Mas maio,

Maio jamais será maio depois da menina;

Depois de Osvaldina...

Ali, às vezes sozinha, a cuidar nos quintais,

Da Serra do navio;

Das ruas da vila Amazonas;

Dos tantos jardins ou porque não dizer, da vida

Das pessoas que a viviam.

Deixemos de lado a escuridão,

Abram o coração, pois não há o que dizer da falta,

Não era senhora o seu nome,

Na era alegria a sua vivacidade...

O seu amor trazido no colo em várias fases

Estará preservado em cada gota de orvalho, dessa terra morena, dessas ilhas ciganas.

Obedientmente, como tu mesma...

Como amiga, como irmã...

Como Maria, tu, atendeste fiel à voz que te chamou.

Não era sem tempo, porque do tempo só conhecemos o dia,

Só conhecemos à hora, só conhecemos quem nos faz rir, quem nos faz chorar ou nos consola.

Lembram do sorriso das flores!

Lembram da alegria das borboletas!

Lembram da felicidade da chuva na terra!...

Lembram do amor, assim era aquela criança, mulher da infância...

De uma energia renovada na luz de cada amanhecer.

De repente a voz calou,

Como a todos os iguais.

De repente, quem diria, o frio chorou...

A família, os amigos, os conhecidos se harmonizaram,

Se solidarizando numa profícua dor, que dói no peito.

Mas não é para entristecer, é para renascer...

Porque a vida é a extensão da eternidade em cada ser.

Quando a noite chegava, inúmeras vezes,

As mãos envoltas no terço;

Volta e meia, um verbo ao senhor...

Não podia sair de ti, se não o amor.

Hoje o dia é de luto na terra...

Porque é difícil polir uma alma, nessa vida de feras.

Mas com certeza é um dia feliz no céu.

Sob o s arcos da capela,

Vêm a lembrança os teus olhos azuis,

Vem à tona, aquele imenso quarto,

Sob a mortalha alva, sabem-se lá as suas últimas palavras.

Mas os seus gestos e até mesmo, o seu corpo ali jaz,

Remetem-nos o valor da vida na realidade.

Na campa escura e acalmada há murmúrios de verbos com o teu nome.

Flores adornando o túmulo, emprestam o seu corpo para agradecer o tempo, que tu as fizestes nascer,

Pássaros ajeitam-se nos galhos em silêncio para ouvir as lágrimas ou sinônimos.

É o adeus, como se fosse um parto,

Na hora exata de uma viagem, que só o pai,

Na sua infinita glória sabe ao certo o dia e a

Hora da volta.

Obedientmente, como tu mesma...

Como irmã, como mãe,

Como ensinamento, tu, mais uma vez atendeste fiel à voz que te chamou.

Obedientmente, como tu mesma...

Como amiga, como irmã...

Como Maria, tu, atendeste fiel à voz que te bradou.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 29/07/2008
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