CADERNO DE UM ADOLESCENTE REBELDE
Estou na venda sossegado, você chega:
Me pega, me folheia, me paga e me leva.
Me usa, abusa,rabisca com suas baboseiras, besteiras.
Me enche de orelhas, me coloca debaixo do braço,
onde sinto cheiro de sovaco; melhor que o pum,
quando sirvo de forro de bumbum.
Durante o namoro, naquele malho, aí eu atrapalho,
me coloca de lado, assisto a tudo, não desgrudo, sou mudo, só se lembra de mim para limpar as mãos.
Quanta emoção!
Mas isso, isso não é tudo não!
No banheiro, na falta de papel higiênico,
tira um pedaço de mim, me amassa bem amassadinho
para não irritar o danadinho.
Às vezes, me coloca no meio de mais sujeira, isso quando acerta a boca da lixeira, quando não, no chão, sou pisado.
Então, maculado, carimbado, chagoso vem a faxineira cheia de nojo. (Bem sabe ela que sou produto da indisciplina do próprio povo).
Às vezes, de preguiça de me colocar na lixeira, deixa-me cair no próprio vaso.
Então, eu fico contente, porque ali, ali eu dissolvo, e não tem jeito de me reciclarem de novo.