CADERNO DE UM ADOLESCENTE REBELDE

Estou na venda sossegado, você chega:

Me pega, me folheia, me paga e me leva.

Me usa, abusa,rabisca com suas baboseiras, besteiras.

Me enche de orelhas, me coloca debaixo do braço,

onde sinto cheiro de sovaco; melhor que o pum,

quando sirvo de forro de bumbum.

Durante o namoro, naquele malho, aí eu atrapalho,

me coloca de lado, assisto a tudo, não desgrudo, sou mudo, só se lembra de mim para limpar as mãos.

Quanta emoção!

Mas isso, isso não é tudo não!

No banheiro, na falta de papel higiênico,

tira um pedaço de mim, me amassa bem amassadinho

para não irritar o danadinho.

Às vezes, me coloca no meio de mais sujeira, isso quando acerta a boca da lixeira, quando não, no chão, sou pisado.

Então, maculado, carimbado, chagoso vem a faxineira cheia de nojo. (Bem sabe ela que sou produto da indisciplina do próprio povo).

Às vezes, de preguiça de me colocar na lixeira, deixa-me cair no próprio vaso.

Então, eu fico contente, porque ali, ali eu dissolvo, e não tem jeito de me reciclarem de novo.

GILBERT
Enviado por GILBERT em 10/02/2006
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