AO SOM DO PIANO E SOB A CHUVA.

Ontem, pegou-me uma tempestade.

De maldade

Inundou a minha sofrida cidade.

Nesta minha idade

Que se questiona tudo

Com mais reflexão,

Roga-se uma praga pro prefeito do PT

Que depois da posse nada mais fêz.

As promessas de campanha ficaram no palanque...

Um "ianque" governando o meu município.

Mas, deixando os idiotas de lado,

Fui me abrigar num shopping.

Desavisado,

Encontrei um palco armado

E um piano ao centro.

Um negro piano de caudas

Ébano e marfim.

Lembrei-me de Artur Moreira Lima

Em seus concertos internacionais.

O maior de todos os intérpretes

De Chopin, em todo o mundo, é ele

Um brasileiro da gema.

Qual a minha surpresa

Após tanta admiração

Sobe ao palco Artur Moreira Lima.

Eu, recém saído de uma crise renal

Com o joelho inchado por uma torção

Fiquei em pé até o fim

Assistindo ao vivo

Os dedos mágicos do pianista

Num recital virtuose.

E a chuva inundou a cidade

Muitos perderam tudo

Casas sob as águas

Desepero, porque aqui quando chove

Parece água e castelo de areia.

A água vence e o castelo se esfacela.

Mas, lá dentro Artur Moreira Lima...

Numa contradição dessas da vida

Que nos dão a certeza de que a vida é bela

Apesar dos prefeitos e de suas incompetências.

jose antonio CALLEGARI
Enviado por jose antonio CALLEGARI em 11/02/2006
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