Desepero da Aurora
O que querem os versos que gritam?
O que querem os versos que choram?
Seu poder maligno de revolução
Às vezes causa medo
Outrora admiração
Versos que vociferam versos mortos
Que vociferam invejadas palavras
Que do vilipendio sobrevivem
Um verso vivo, outro morto
Formam, às vezes, um poema
De versos poderosos
De versos que temem
A luz do dia
A criação que a aurora traz
Inspira alguns e outros mais
Competir com a noite
Tão amada pelos versos
Mostra-nos o desespero da aurora
Salvador, janeiro de 2006