Julia
Ave cheia de graça,
Tão pequenina,
Que aos olhos da mãe menina,
Faz a avó de doce, mel o coração nativo festejar.
Nascestes...
Não sei em que tempo,
Não sei em que lugar,
Mas sob o sangue da flor, que te gerou,
Deve no mínimo te tornar uma mulher divina.
Terras de águas tranqüilas,
Minha ex-ilha é tua pátria,
Adotes para ti, pequenina, o canto mavioso do sabiá.
Na verdade da qui para lá,
De lá para cá não há o que diferençar...
Casas de sapê, ruas sombreadas de mangueiras,
Pirão do vinho do açaí com o peixe de água doce.
Tacacá e as nossas inimitáveis matas.
Ave cheia de graça.
Nasceu a jóias da família.
Quando ela começar a falar?...
Quem além da mãe há de ensinar a dar os primeiros passos?
Os pais educam, os avós caducam e os filhos ficam no altar.
Não te peguei no colo,
Não senti aquele cheirinho,
Não te mandei uma rosa,
Mas desde já sei que és a felicidade nessa aldeia.
O futuro está correndo para te encontrar
Olha lá no céu a lua no infinito;
Olha lá no laguinho os tambores ruflando Marabaixo e
Lá no ver-o-peso os caboclos dançando Carimbó.
Não importa a terra...
Seja Belém ou Macapá
Tu o bela, nascestes para as tuas raízes do norte eternizar.
Que seja bem vinda, filha da amiga, da mãe coruja,
Filha da filha dessas natureza, que só por aqui é que há.
Obs: Homenagem a netinha da Norma.