Julia

Ave cheia de graça,

Tão pequenina,

Que aos olhos da mãe menina,

Faz a avó de doce, mel o coração nativo festejar.

Nascestes...

Não sei em que tempo,

Não sei em que lugar,

Mas sob o sangue da flor, que te gerou,

Deve no mínimo te tornar uma mulher divina.

Terras de águas tranqüilas,

Minha ex-ilha é tua pátria,

Adotes para ti, pequenina, o canto mavioso do sabiá.

Na verdade da qui para lá,

De lá para cá não há o que diferençar...

Casas de sapê, ruas sombreadas de mangueiras,

Pirão do vinho do açaí com o peixe de água doce.

Tacacá e as nossas inimitáveis matas.

Ave cheia de graça.

Nasceu a jóias da família.

Quando ela começar a falar?...

Quem além da mãe há de ensinar a dar os primeiros passos?

Os pais educam, os avós caducam e os filhos ficam no altar.

Não te peguei no colo,

Não senti aquele cheirinho,

Não te mandei uma rosa,

Mas desde já sei que és a felicidade nessa aldeia.

O futuro está correndo para te encontrar

Olha lá no céu a lua no infinito;

Olha lá no laguinho os tambores ruflando Marabaixo e

Lá no ver-o-peso os caboclos dançando Carimbó.

Não importa a terra...

Seja Belém ou Macapá

Tu o bela, nascestes para as tuas raízes do norte eternizar.

Que seja bem vinda, filha da amiga, da mãe coruja,

Filha da filha dessas natureza, que só por aqui é que há.

Obs: Homenagem a netinha da Norma.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 01/08/2008
Reeditado em 01/08/2008
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