sob a face da manhã
“a ver se a vida se acerta sem horizontes”
havia uma sonoridade poética no ar
e fez despertar o amanhecer :
“tens o sol a construir e eu”
ao início do dia alastra-se
a muralha dos versos sentidos:
um lavrador rejunta, entre pedras,
a sua poesia, numa
construção além do tempo
mesmo que essa se derrame
para distâncias até
ao alcance do definitivo
a poesia é como o amor: repousa
ao mar do meio-dia, diante
d’olhar nascente
:
“finjo que não me dói”
...
e adormeço a beira
do mar desta saudade
silenciosamente