A poesia foge

A poesia foge

A poesia foge

pelas ruas estreitas

de corações egoístas,

pelos becos imundos

das angústias humanas

e se perde nas selvas escuras

das paixões descabeladas,

nos pântanos fétidos

dos ciúmes assassinos.

A poesia morre

mil vezes apunhalada

pelos olhares lânguidos.

Tristemente mutilada

pelos versos dos bêbados,

infinitamente crucificada

nos sorrisos indiscretos.

A poesia morre

a cada dia

e todo dia

em todo momento

morre por existir

enfim.

Mauro Gouvêa

Ouro Fino, 18 de outubro de 1999