PONTO GEOGRÁFICO
PONTO GEOGRÁFICO
Brasil, país da solidão,
Um não à discórdia,
Mas algo maior me espanta,
Não adianta,
Migalhas de tristeza já foram consumidas.
Brasil, milhões de vidas
E o que restou de mim.
Esquecido entre árvores
Existe algo que ainda canta.
Não adianta,
Milhões de vidas já foram consumidas.
Brasil, país da solidão,
Uma mão para a discórdia,
O beijo falso e inflacionário
Dos altos interesses do capitalismo.
A flor libertária do meu coração
Ainda está viva.
Alguém por aqui canta
Em vão a concórdia de um carnaval.
Brasil, eu quero a proteção de sua Santa.
Um assassinato no Cruzeiro do Sul,
Milhares de presídios,
O orfanato de nossa condição,
Sangue fervendo ao céu azul.
Sem beijo, sem mulher,
Serenatas distantes,
Brasil, agora é solidão.
Fui ingênuo, não cresci,
Mas estou velho.
Todos perdidos e um mendigo canta,
Brasil, tudo o que me espanta.
Um gesto inflacionário,
Um monstro se agiganta.
Estamos adormecidos?
FERNANDO MEDEIROS
Campinas, é inverno de 2008.