A ÚLTIMA HORA

A ÚLTIMA HORA

A última hora

Em que escrevo

É a primeira em que choro,

O choro convulsivo

Que decoro

Como a lição da sombra.

A última hora

em que escrevo

é a primeira em que fujo,

quando espero

e começa então a velha

lição do desespero,

a velha rainha que me fecha

pelos cantos, pelo teto.

Nasce a rainha

E começa, então,

A velha ladainha do desafeto.

FERNANDO MEDEIROS

Campinas, é inverno de 2008.