Um rio que virou pedra

Águas serenas te banhavam,

Percorrendo caudaloso ao teu ventre...

Onde frondosas flores enfeitavam,

A sua alma onipresente...

Águas serenas te banhavam,

Como lágrimas de Deus cedidas...

Um relicário onde anjos acenavam,

Matando a cede de almas perdidas...

Estas mesmas almas, recuperadas do açoite,

De barcos jogados ao sal, e sem velas...

Navegando até onde não se finda a noite,

Enfrentando a ira das procelas...

Tendo na memória, a alma do rio,

Correndo sereno por entre curvas delicadas...

Matando a fome com a pesca, o homem até sorriu,

Enquanto pássaros partiam em revoadas...

Pois eles já percebiam que o rio morria,

Agonizando do leito a vertente...

E aquele home que sorria,

Não sentia a dor que a natureza sente...

E como uma ultima lágrima que seca,

O rio também secou...

E tudo que está em seu leito também resseca,

Porque Deus aqui, nunca mais uma lágrima deixou...

Agora seco e morto, é um caminho de pó,

Uma imagem que aos olhos medra...

Com uma sede de dar dó,

Num rio que virou pedra...

Marco Ramos
Enviado por Marco Ramos em 20/08/2008
Código do texto: T1137201
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