O MENINO E A ESTÁTUA

No alto do morro se ergue imponente

Braços abertos num grande abraço

Parece que está acolhendo a gente,

Tanto o ser bom como que é devasso.

Ali logo em baixo junto aos seus pés

Menino de rua prostrado e chorando

A tristeza o está varando de lés a lés

Olhando para o Senhor vai clamando:

"Ó Cristo escute aqui a minha reza,

O mundo em que vivo me despreza

Violência dele minha família matou.

Vou vivendo pelas ruas ao Deus dará,

Sozinho e com fome nesta vida estou.

As suas religiões nem um pão me dão,

Olhe meu corpo, tão magricela está.

Os cartolas ricos me chamam ladrão

Os políticos me enviam em abrigo

Que mais se assemelha a prisão

Na rua dormindo estou em perigo,

Certos comerciantes estão pagando

Para moradores de rua exterminar.

Olhar para a sua estátua me apraz

O Senhor é minha última esperança

Escuta esta minha prece de criança

Por favor me ajuda a crescer em paz".

O pobre menino nascido na rua

Pensa que estátua escutou a reza

Brevemente acabará sua pobreza.

Mas depois de alguma meditação

Foi chegando á seguinte conclusão:

"Aqui está a verdade nua e crua,

Se aqueles que dois ouvidos têm

Pedidos seus não querem escutar

Muito menos escutará o Redentor;

Sendo de pedra, ouvidos não tem,

Assim não pôde ouvir a prece sua.

Foi tudo ilusão, sem tirar nem pôr".

Errando pelas ruas da Linda cidade

Aquela pobre criança desalentada

Sabe que ninguém lhe fará caridade

Até mesmo o Cristo não fará nada!!!

Victor Alexandre
Enviado por Victor Alexandre em 19/02/2006
Reeditado em 19/02/2006
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