INSPIRAÇÃO

Quero-te, virgem manhã de primavera

No desabrochar dos campos da Poesia.

Do hálito quente de tua fantasia

Dá-me o calor que minh’alma espera.

Quero-te, nas madrugadas tresnoitadas,

Ao meu lado, regurgitando o pensamento,

A dizer do riso, do amor, do sofrimento,

A falar da mágoa, da dor, da paixão, do nada.

Quero-te, estrela maior e pouco vista,

Clareando o chão que piso incerto,

A me encher o peito e, por fim liberto,

Entender a luz que a alma avista.

Quero-te, nos momentos que passarem,

Nos instantes bons que me ficarem,

Nos maus futuros que me vierem.

E no epílogo fatal que nos desdobra,

irei querer-te, ao findar-me a obra,

na cruz do epitáfio que me fizerem.

mreno
Enviado por mreno em 15/04/2005
Código do texto: T11427