Olhos de negrume...
Seus olhos naquela fotografia,
Desnudados,
Amarrotados nos meus,
Sorriam apaixonados...
Aquela calça jeans rasgada e desbotada,
Revelava seu andar... ao me encontrar...
Não esqueci,
Da esmeralda,
Que rindo, displicente, ofereceu-me...
Do perfume trazido do outro lado do mundo,
Do cd da Enya,
Da sala cheia de flores, rosas vermelhas,
Que mandei devolver... não aceitei...
Do abraço apertado, dos beijos furtados,
Da disposição em ser sempre... meu...
Dos seus cabelos compridos,
Do sorriso alegre ao rever-me,
Daquele carro de cor infame,
Conversível,
Só porque eu gostava!
Das suas mãos, nas madrugadas,
Despenteando meus cabelos,
Cutucando minhas costas,
Andando sem rumo nas noites infernais,
Da sua cidade...
Do telefone tocando,
Exatamente no meu pior momento,
Sua voz rouca,
Você presente...
Dei-me conta,
Da decaída esperança,
Nas suas fugas...
Viagens pelo mundo... tentando esquecer...
Dou-me conta,
Nessa hora,
Dolorosa realidade,
O telefone não vai tocar,
Você não vai voltar,
Abraçar, beijar, despentear,
Amar, encontrar, falar,
Dou-me conta,
Do universo eternidade,
Ausentando-me de você...
São Pedro – SP - 6:45:02 – 12/10/2007
Obêésse: Para Arno - in memoriam