Fragmento de poema
Que Deus não nos tire tudo
nem nos dê tudo,
mas que tenha compaixão de nossas misérias
e opere milagres.
Tudo na lucidez
de que nada disso aconteça.
Viver é saber que talvez haja e não haja
uma possibilidade,
e que a tendo ela não seja subitamente cortada
como se ceifa um galho de árvore,
mas que nos seja tirada
pouco a pouco
para que nossos sentidos não se atordoem da perda,
como quem nos rouba um lencinho
e não nos damos conta
porque na saída do lenço,
pela habilidade sorrateira da mão,
ele tenha parecido mais uma carícia
do que uma perda.