CANTO REVELADO * Ibéria

Os Pirenéus são a fronteira natural.

Aquém se estende a Ibéria...

...deslumbrando-se nos poentes incendiados

donde lhe acena o Novo Mundo!

...encantando-se nos mistérios do Meio-dia,

onde adivinha maravilhas de ébano

e rotas salgadas de pimenta e canela!

Lê nas estrelas o destino da largada!

O pátrio solo ibérico apenas é o cais,

o cais determinando a partida inevitável

para o mundo ignoto que chama, chama, chama!...

É a predestinação!

E vai, sobre as ondas lavadas de aventura e liberdade,

abraçar o longe, que mora além do medo e da renúncia!

E deixa para trás as terras de Espanha

e as areias de Portugal!

No cais da largada, ficam as viúvas do medo

acenando o adeus soluçante,

que será ou não

o adeus de nunca mais!

Os lenhos singram ligeiros nas rotas da tontura!

Os mastros gemem, gemem... mas não quebram!

As velas, prenhes de longe e de evasão,

voam na distância, mais e mais!

E os lenhos enfrentam o Cabo Não!

E dobram o Cabo Não!

E vão até ao Fim do Mundo!

Além dos Pirenéus, expectante,

um mundo outro que escolhera ficar,

assumindo a separação definitiva.

5 de Agosto de 2008.

Viana do Alentejo *Évora * Portugal

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 26/08/2008
Reeditado em 30/12/2018
Código do texto: T1147482
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