Bruma

Não há quem agüente,

Sem que adoeça,

Uma espera qualquer.

Não há milagre que salve

Aquele que perdeu na peste

Das noites de insônia

A graça do riso,

A ternura dos gestos.

Sobra só um restolho vago

Do enlace,

Do afago,

Do afeto.

Pode ser que a delonga do alívio

Faça o peito enraivecer.

A alma tétrica

Se ausentar débil e febril.

Pode ser que tanta falta

Faça com que os dias sejam tragados

Pela bruma densa

Dos que cerram os olhos

E não se permitem respirar

Nunca mais.

Talita Fernanda Sereia
Enviado por Talita Fernanda Sereia em 27/08/2008
Reeditado em 27/09/2015
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