Sob a ponte de minha existência
Corre um rio sem fim.
Com amplas margens de saudades
E um pé de tristeza carmesim

Recostado ao para-peito imaginário
Olhar frouxo no além desconhecido
Borbulha o meu coração desalentado
Pervertido de aflição esmorecido...

As águas barrentas do Rio Velho
Que desce cambaleante de incerteza
Carregam em seu dorso minhas lágrimas
Como flores que perderam a beleza

Imóvel no limiar do Ser-Não-Ser
Já não quero mais voltar, nem prosseguir.

Como o veleiro numa noite atormentada
Passar, desexistir, ver outras margens.