Impermanências

Suave é o chão aonde me deito

Ilusório como todo chão.

Horas me comprime o peito

Horas me eleva o coração.

Nada há que explique esse corpo estendido

Nem há de perder o tempo a pensar

Nem mesmo supor que tenha ele compreendido

Qualquer coisa na mente a vagar.

Desenhos se desmancham no ar

Com a mesma facilidade com que foram formados

Os brilhos que lá pusemos a sonhar

As coisas de que os imaginamos ornados.

Compreendendo essa impermanência

O viver parece um canto difuso

E doura a nossa clemência

De tons e elementos confusos.

Suave é o ar no qual eu vôo

Ilusório como todo ar.

Horas me introduz ao sono

Horas me transtorna o olhar.

Ah Deus que desmedidas sensações

Que o meu imaginar tem

Incitam–me a tantas canções

Nesse espaço aonde não há ninguém.

Anaís
Enviado por Anaís em 24/02/2006
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