RE-TRATO

(Esta poesia, que não se refere a ninguém especificamente, tinha que ter um retrato, razão por que coloquei a foto da minha filha caçula, Annaclara Clareanna, meu xodó, juntamente com a outra Anna, que a fotografou na nascente do Velho Chico...)

Não fiz trato com teu retrato, mas é digno de figurar em qualquer estrelato
Terminado um hiato, pois acabara de responder a uma mensagem compriiiiiida
Retorno à caixa de entrada e tu apareces em novo formato, que é o maior barato
Tu conheces teus encantos, que são tantos, enquanto sonho ser teu guarda-vida

Como colocar na moldura o que está sempre na mente e no coração?
Semente que brota bruta na brita e, ainda assim, mexida, floresce...
E, diante de um fato tão inusitado, fito a foto com celebração e moderação
Como a duvidar do milagre ou de mil agres adulçorando tanta benesse...

Tu, habitante dos meus amanheceres e companhia das minhas noites despovoadas
Onde está agora o reino da minha juventude para ofecer-te no tempo perdido?
Tinha tudo a dar-te, até barbacãs para proteger-te do lobo mau e de flechas lançadas
Como vencer as muralhas onde se esconde teu coração se não me dizes e eu olvido?

Queria ser o ar que tu respiras, com um suave cheiro de saudade que mexe meu instinto
Embora saiba do ledo engano de ter-te ao meu lado na minha lida dos dias que se vão
Em vão, qual estrada deserta, com curvas e retas ou, quem sabe, um labirinto?
As horas têm só sessenta minutos?, sem ver-te são eternidade enquanto ilusão...



nvelasco
Enviado por nvelasco em 28/02/2006
Código do texto: T116896