Uma Noite na Praça

Noite muito fria

Nada para comer

As árvores parecem monstros

Não consigo me mexer

O jornal não me aquece tanto

Sinto que vou morrer.

As ruas parecem mais desertas,

e os últimos que passam me olham estranho,

talvez pela minha falta de banho,

ou talvez, porque queiram só olhar.

As senhoras passam com roupas coloridas.

As minhas, nem podem ser consideradas trapos.

A praça parece se contentar com a minha presença,

porque essa noite promete ser fria e extensa.

Se eu acordar vivo, começará tudo outra vez.

Entrarei novamente nesse mundo burguês,

onde sou tratado como um fantasma,

eu, um pobre e velho mendigo, com asma.