Cárcere Mental

Hoje é mais um dia raro,

que parece tornar esta semana comum.

É muito raro,

como um diamante.

É um daqueles poucos dias em que o poeta entende a verdade.

Sendo assim,

tenta este homem de meias palavras

expressar-se através de versos confusos

e alucinógenos.

É quando o eu-lírico vai à Andrômeda.

É quando vislumbra os anéis de Saturno;

parece tocar a porta do paraíso

e sentir a força de Supernovas ao redor das pupilas.

Beija estrelas e fótons

num copular cósmico e astral:

“_ És, agora, homem, o Ser mais iluminado!”

Ouve a voz.

Será Deus sentado em sua soberba,

a pureza rósea e santificada?

Não responda, apenas ouça a mágica neste vácuo congelante!

Deleite-se com este momento.

Tem o poder.

Será o maior filósofo. A maior força.

Agora, você - ou eu (que nem eu mais sei quem é) -

pode ser, dizer e tudo saber.

Hoje você é Deus.

Por certo, é um dia raro.

Você é Deus

e, por isso, não pode explicar o que sente.

É o maior poeta,

mas é transcendente,

as estrofes não existem.

Só sua mente existe.

Existe esta verdade presa em você,

só por este momento.

E continuará presa.

Será sua

e isso te matará por hoje;

o fato de ter que se calar diante de visão tão bela.

Não chore por este leite que derramou,

é apenas a Via-láctea.

É uma vida rara.

É um ser raro.

É de todo alma, vícios

e vaidade;

É poeta e verdade.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 11/09/2008
Reeditado em 26/11/2008
Código do texto: T1172276
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.