UM RARO ARTIGO


Venho a tua presença. Deixa-me lembrar pra quê. Ah!, sim...
Com o propósito de solicitar, com tua licença,
A restituição de tanta coisa onde pus minha crença!!!
Não é culpa tua porque aos meus rogos só houve indiferença...
Contudo, levei a sério meus sonhos ávidos de ventura
E o danado do coração não obedeceu a minha censura
Fi-lo ver que era loucura e debalde o ror de ternura
Quedei-me, porém, ante à constância dos sonhos tendo como tema tua figura...
Não tens culpa, bem sei, e estejas certa de que tive toda cautela
Mas é difícil controlar sentimentos porque tudo anela
E acabei resignando-me em enfrentar a procela e ficar sem tutela
Porque de nada adiantava ficar de sentinela; era dormir e aparecias esplendorosamente bela...
Fiz desta maquininha mala-direta dos meus afetos para ti, que é de outro planeta
E enquanto cuidava do meu jardim de flores tu alumiavas tudo como cometa
Por isso passei a viver no mundo da lua confundindo tua silhueta com minhas violetas
Eu me perdi...Pedi que me restituísses... O que mesmo? O que te dei não tem volta
Nem quero porque ainda espero... ganhar... sem pressa ou prece e será sem revolta
A vitória sobre tudo e não parte, porque isto não se reparte, e para não haver reviravolta
A dação tem que ser integral, quem sabe virtual, como placebo, dispensando escolta...

Em verdade te digo: nada tens a me restituir. Cresci em ti e me fizeste bem à vida ávida de poder dizer-te: eu te amo... Confio no provérbio:" a esperança é a última que morre"... A vida é uma gangorra... roda como piorra... E, num desses giros, asseguro-te que amigo é um raro artigo que não vira as costas em situações opostas...

nvelasco
Enviado por nvelasco em 01/03/2006
Código do texto: T117364