Cristais

Cristais

Os olhos com que choro

Têm cristais que são antigos

São salinos, pequeninos

Cujo ardor quase ignoro

Esses olhos tão cansados

De sorrir contendo as lágrimas

São represas de Angústias

Que transbordam em palavras

Como versos, ritmadas

Entre as rimas, compassadas

Elas fluem como um rio

Quase infindo, ou quase nada

Que procura pela cura

D’uma essência ensangüentada

Confinada na secura

Já tão dura e enraizada

Pois, o tempo, a dor depura

Nos porões, cristalizada

Em loucura que, calada

Ri da dor e, assim, perdura

Esses olhos, cujo brilho

Traz vertigem, traz tontura

Luzem cacos que recolho:

Meus cristais de mágoa pura

(Djalma Silveira)