IMPERFEITOS PARA SEMPRE

rasguei tanto amor pela vida

que pensei ter perdido tamanho amor guardado,

nesta ou noutra vida,

nenhum definitivo

enquanto um não único, xifópago:

lado a lado

não quero

[neste poema]

sofrer de mulheres impossíveis – vez por outra, casadas – ,

viver num resultado cinco, improvável, da soma dos dois mais dois;

não quero

[neste poema]

dar o braço àquelas que gostariam de me assistir matusalênico,

para depois, num dia tardo,

aquinhoarem caraminguás, e aposentadorias...

imaturo,

pensei que rasguei amores pela vida,

que perdia – a cada separação – outros guardados,

mal sabia que reservava

meu lado ao teu lado

[em definitivo]

e, mesmo saber havendo um futuro enorme em nossa frente,

quero

[neste poema]

dizer-te que somos frutos iguais da mesma árvore,

da mesma sombra, da mesma irmandade...

rasgados,

amores do passado são só amores de antigamente:

eu e tu, iguais, definitivamente!...